Spcine inaugura 20 salas de cinema e cria São Paulo Film Commission
Quinta-feira, 31 de Março de 2016
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A Spcine fez nesta quarta, 30, dois importantes anúncios para o audiovisual paulistano: o Circuito Spcine de Cinema, que transformará CEUs e centros culturais em salas de cinema, e o decreto da São Paulo Film Commission, que centraliza as solicitações de filmagens na cidade.

No anúncio à imprensa, o prefeito da cidade, Fernando Haddad, disse que se tratava de “um dia histórico para o cinema de São Paulo”. Com a inauguração das salas, destacou Haddad, a prefeitura se torna a segunda maior rede de cinema da cidade em pontos de exibição (não em número de salas/telas), com ambição de crescer. “Queremos passar o Cinemark. A prefeitura tem que ser o maior exibidor para o cinema avançar da maneira como desejamos, fomentando a produção local com a criação de linguagens”, disse.

Os secretários da Educação e Cultura, Gabriel Chalita e Nabil Bonduki; o prefeito Fernando Haddad, o presidente da Spcine, Alfredo Manevy, e Nádia Campeão, vice-prefeita

Os secretários da Educação e Cultura, Gabriel Chalita e Nabil Bonduki; o prefeito Fernando Haddad, o presidente da Spcine, Alfredo Manevy, e Nádia Campeão, vice-prefeita

Para o secretário municipal da Cultura, Nabil Bonduki, “a ação garantirá tela ao setor e possibilidade a quem não pode pagar um ingresso de cinema num shopping”. O secretário destaca que as salas não serão exclusivas para o cinema nacional, “pois é importante formar público”. As salas localizadas nos CEUs são uma parceria com a Secretaria da Educação. As salas nestes locais não cobrarão ingresso. Mesmo assim, o bilhete terá um valor de face impresso. Segundo o secretário de Cultura, Gabriel Chalita, a ideia é passar à população local a percepção de valor. Os CEUs, num primeiro momento, terão uma programação três dias por semana, com três sessões por dia.

É importante notar que as salas são reconhecidas pela Ancine, e portanto contabilizam público para os filmes. “Trata-se de uma rede permanente de salas públicas, com uma grade regular de horários, com equipamentos digitais de ponta e som de qualidade. Temos a mesma qualidade que um cinema de shopping”, explica o presidente da Spcine, Alfredo Manevy. O circuito adotou projetores digitais Christie 2D/2K, com capacidade de fluxo luminoso de 10 mil lumens, sistema de som Dolby 5.1 e telas profissionais para cinema.

Segundo ele, a Spcine já articula com todas as distribuidoras, nacionais e estrangeiras, para contemplar as salas com uma programação eclética. “Algumas estão cedendo títulos gratuitamente, outras estão alugando os filmes. A remuneração não se dá por participação na bilheteria, porque em muitos casos há gratuidade, mas por um aluguel”, explica. “As distribuidoras entenderam que a ação vai formar público. Uma grande distribuidora estrangeira nos disse que esta é a maior ação de combate à informalidade e à pirataria”, completa o presidente da empresa paulista de fomento.

Serão programados curtas-metragens antes dos longas, com teto de 10 minutos de duração, para não prejudicar a grade.

As 20 salas tomaram um investimento do capital social da Spcine de R$ 7,5 milhões em infraestrutura. O custeio anual do projeto é de R$ 7 milhões, bancados pela Secretaria de Cultura, através de um contrato de gestão com a Spcine. “É o valor de produção de um longa-metragem, mas com um impacto enorme no setor”, diz Manevy.

Circuito

Até junho, o Circuito Spcine de Cinema inaugurará 20 salas de cinema com equipamentos de projeção digital, sistema de som Dolby 5.1. Na semana de estreia do circuito, estão programados “Snoopy & Charlie Brown – Peanuts o filme”, “Mundo cão” e a “A Série Divergente: Convergente”.

As 20 salas contarão com 6,5 mil poltronas, realizando 200 sessões semanais de cinema. Com uma taxa de ocupação projetada de 30%, as salas devem contemplar 63,5 mil espectadores por semana, ou 960 mil ao ano. “Estamos jogando para baixo a expectativa para ter uma meta alcançável”, diz Manevy. O prefeito foi ainda mais otimista: “teremos uma ocupação média acima de 50% com toda a certeza”, disse. A administração das salas será feita pela 14 Bis, que venceu uma licitação para este fim.

Entre os espaços que abrigarão as salas estão o Centro Cultural São Paulo, Cine Olido, Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes, Biblioteca Pública Roberto Santos, além de 15 CEUs (Centros Educacionais Unificados).

Nos centros culturais, o preço do bilhete varia de R$ 4,00 a R$ 8,00; nos CEUs, é gratuito.

Segundo a Spcine, foi a partir de um quadro de exclusão socioeconômica que surgiu o projeto do circuito. De acordo com a pesquisa Hábitos Culturais dos Paulistas: Cultura em SP, de 2014, da J.Leiva, 10% da população paulistana nunca foi ao cinema, nem uma vez sequer. Nas classes D e E, a fatia dos que nunca frequentaram uma sala de exibição sobe para 30%.

A escolha das salas partiu de um critério de distribuição territorial: 17 das 32 subprefeituras da cidade serão contempladas, com prioridade para aquelas não atendidas pelo circuito comercial de cinema.

O calendário de inaugurações segue até o fim de maio. Veja os locais e as previsões de lançamento.

  • CEU Butantã – 30 de março
  • CEU Meninos – 30 de março
  • CEU Jaçanã – 13 de abril
  • CEU Quintal do Sol – 17 de abril
  • CEU São Rafael – 20 de abril
  • CEU Três Lagos – 24 de abril
  • CEU Aricanduva – 27 de abril
  • CEU Caminho do Mar – 1º de maio
  • CEU Jambeiro – 4 de maio
  • CEU Vila Atlântica – 8 de maio
  • Cine Olido – 11 de maio
  • CEU Perus – 12 de maio
  • CEU Paz – 15 de maio
  • CEU Parque Veredas – 18 de maio
  • CEU Feitiço da Vila – 19 de maio
  • CEU Vila do Sol – 22 de maio
  • Biblioteca Roberto Santos – 25 de maio
  • CCSP – Sala Lima Barreto – 26 de maio
  • CCSP – Paulo Emílio – 26 de maio
  • CFC Cidade Tiradentes – 29 de maio

Programação

A programação do circuito promete dar espaço tanto para o cinema comercial quanto para o autoral. Mostras e festivais apoiados pela Spcine, como É Tudo Verdade, Mostra Internacional de Cinema, Festival Internacional de Curtas, Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental, também participam da programação.

As sessões nos CEUs serão às quintas, domingos e quartas, seguindo a lógica do mercado de exibição que renova as estreias sempre no quinto dia da semana. Os outros equipamentos culturais seguirão a mesma estratégia, mudando apenas a quantidade de sessões.

No Centro Cultural São Paulo e no Cine Olido, o cinema funcionará seis dias por semana, de terça a domingo. Já no Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes, serão quatro dias por semana, de quinta a domingo. Na Biblioteca Roberto Santos, cinco por semana, de terça a sábado. O número de sessões diárias é o mesmo em todos os espaços, três por dia.

 

Decreto cria a São Paulo Film Commission

O prefeito Fernando Haddad assinou também nesta quarta, 30, o decreto que cria a São Paulo Film Commission. O documento permite à entidade centralizar as solicitações de filmagem na cidade, reduzindo o tempo gasto para garantir as autorizações necessárias. “As reclamações são frequentes sobre a burocracia que existe para filmar em São Paulo. O decreto fixa prazos muito rígidos para a administração responder às demandas da indústria”, destacou, em encontro com imprensa, o prefeito.

Além do decreto, um Projeto de Lei deve ser encaminhado à Câmara dos Vereadores em breve, dando um embasamento jurídico mais firme ao novo órgão.

Atualmente, produtores audiovisuais chegam a percorrer dez guichês diferentes, dependendo do tamanho da produção, para conseguir as autorizações para rodar um filme, série ou anúncio de TV. Com as mudanças, o produtor preencherá apenas um formulário online, cujo tempo limite para resposta fica entre dois dias úteis (no caso de peças publicitárias) e sete dias úteis (para as demais obras audiovisuais).

No Cadastro Único de Filmagens e Gravações, produtoras informam as necessidades da produção e dados da empresa solicitante. A partir daí, a São Paulo Film Commission, departamento da Spcine, assume a negociação com os órgãos envolvidos na liberação de ruas, parques e outros espaços para filmagem.

“Hoje uma obra de publicidade pode demorar até 20 dias para conseguir autorização para filmar, dependendo do local. A film commission vai dar previsibilidade para as produtoras e os parceiros. Uma produtora  me disse que no ano passado perdeu R$ 30 milhões para outras cidades por causa das dificuldades. Vamos deixar de perder filmagens para outras cidades”, comemorou o presidente da Spcine, Alfredo Manevy.

O cadastro também alimentará a Spcine com dados sobre as produções que acontecem na cidade. Hoje os números que se têm são apenas estimativas. Isso permitirá que se crie uma série histórica de produções em São Paulo.

O órgão será coordenado por Tammy Weiss, que trabalhou na mesma área na prefeitura de Santos (SP).

Preços

O decreto deve trazer uma tabela com os valores que serão cobrados para a realização das filmagens. Será uma tabela pública de descontos. “O decreto traz a tabela de descontos de 40% a 80%, dependendo do tipo de produção. Documentário vai ter praticamente gratuidade, enquanto publicidade vai pagar mais caro, pois tem mais verba, mas exige mais rapidez na liberação das licenças. A tabela vai ter coerência com os tipos de produção”, destacou Manevy.

Facilidades

A São Paulo Film Commission começa a construir uma base de dados com os serviços e profissionais do audiovisual disponíveis na cidade, como forma de incentivar arranjos produtivos locais e fortalecer a mão de obra do território.

Por meio do Selo Spcine, diferentes prestadores de serviços poderão se identificar como parceiros da empresa, oferecendo benefícios para produtores audiovisuais.

Serão três categorias: “Eu Sou Cenário”, para espaços que disponibilizem sua locação para filmagem; “Amigo do Cinema”, o serviço ou comércio oferece desconto nos preços para produções audiovisuais; e “São Paulo É Cenário”, para prédios públicos que têm disponibilidade automática para filmagem.

O dados estarão disponíveis no app da São Paulo Film Commission. O aplicativo, que também terá uma versão web, oferece ao produtor audiovisual um manual de como deve proceder para filmar em São Paulo, como também o cadastro único para obtenção de autorizações e o banco de dados de serviços, mão de obra especializada e um cadastro em permanente atualização das locações ofertadas pela cidade.

Comissão

A partir da assinatura do decreto, será constituído um Conselho de Filmagens e Gravações do Município de São Paulo, formado por órgãos da administração municipal direta e indireta. O colegiado, que deverá se reunir anualmente, fará a análise e sugestão dos preços cobrados pelo poder público para a prestação de serviços e locação de espaços da Prefeitura de São Paulo.
Participam representantes da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), SPTuris e das secretarias municipais de Governo, Cultura, Verde e Meio Ambiente, Transportes, Finanças e Coordenação das Subprefeituras.
A CET também terá um funcionário para atuar como ponto focal junto à São Paulo Film Commission para os pedidos de filmagens e gravações que envolvam vias públicas.

Campanha

Junto à assinatura do documento, a Spcine lança a campanha “São Paulo é cenário”. O vídeo conta com depoimentos de nomes importantes do cinema nacional, entre eles, os cineastas Fernando Meirelles e Anna Muylaert, os produtores Caio Gullane e Sara Silveira, e os atores Wagner Moura, Denise Fraga e Alessandra Negrini, que enaltecem e promovem a cidade como cenário para todo tipo de produção.

 

Fonte  | TELA VIVA News

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