A RioFilme anunciou novas linhas de investimento que entrarão em vigor a partir deste ano. A mais inovadora é uma linha de R$ 1,5 milhão para a produção de conteúdos para mídias digitais. Feita em parceria com o YouTube, a linha não prevê qualquer vínculo da produção com a plataforma. O YouTube apenas oferece suporte operacional e capacitação aos contemplados.
As outras novidades são uma linha de investimento automático em desenvolvimento de longas, de R$ 1 milhão, e de desenvolvimento de conteúdos para a TV, de R$ 1,5 milhão. Há ainda uma linha de investimento em desenvolvimento de coproduções para a TV com o Canadá, esta em parceria com o Canada Media Fund, no valor de R$ 300 mil.
Além das linhas, a RioFilme anunciou um acordo regional com o Fundo Setorial do Audiovisual, para ser um agente local do FSA, uma parceria com o Sebrae e a ESPM para cursos de capacitação (com duração de três anos e previsão de atender 1,5 mil alunos) e um acordo com a Universidade de Columbia, em Nova York, para oferecer no Brasil o prestigiado curso TV Writing Intensive, no valor de R$ 300 mil, para capacitar duas turmas de 30 alunos. O diretor da RioFilme, Adrien Muselet, apresentou as iniciativas durante o Rio Content Market, que terminou nesta sexta, 14, no Rio de Janeiro.
A RioFilme apresentou a linha de investimento automático em cinema, na qual serão oferecidos R$ 12 milhões, para produtoras cariocas e distribuidoras nacionais de longas de produtoras cariocas.
Neste mecanismo, cada ingresso vendido de uma produção anterior da produtora gera um crédito ao produtor e ao distribuidor, automaticamente revertido em novos investimentos (para filmes com mais de 300 mil ingressos vendidos em 2013).
Em 2014 serão beneficiadas (por cumprirem o critério) dez produtoras: Migdal Produções, Morena/Atitude, Frahia Produções, Canto Claro, Filmes do Equador, De Felippes Filmes, RT2A, Conspiração, Total e Sincrocine. Também serão contempladas quatro distribuidoras: Paris, Downtown, Imagem e Europa.
Para o investimento automático em TV foram destinados R$ 10 milhões. Para ser contemplado, o produtor tem que apresentar um contrato com um canal de TV por assinatura. A RioFilme aporta R$ 1 para cada R$ 1 investido pelo canal, sendo ao menos metade deste investimento feito com recursos próprios (não incentivados).
O teto para receber os recursos é de R$ 2 milhões por produtora, R$ 3 milhões por canal e R$ 4 milhões por programadora.
Muselet explicou que no processo de investimento automático, como a RioFilme já vinha fazendo, não há comissão de seleção ou análise de roteiro. “O canal de TV faz uma seleção muito melhor que a nossa, se ele assinou o contrato é porque o projeto é viável, então investimos”, disse.
Finalmente, a empresa anunciou os valores dos editais para 2014, também publicados a partir de 14 de abril. Serão ao todo R$ 10,3 milhões, sendo R$ 1,5 milhão para o desenvolvimento de longas, R$ 2 milhões para desenvolvimento de TV, R$ 4 milhões para a produção e finalização de longas, R$ 1 milhão para a produção de curtas, além dos já citados para a produção online e coprodução com o Canadá.
As receitas da RioFilme cresceram 680% desde a revitalização da empresa carioca, em 2008, passando de R$ 1,5 milhão em 2009 para R$ 11,7 milhões em 2013. Estas receitas são integralmente reinvestidas nos programas de fomento e financiamento de produções da empresa. Hoje a RioFilme é o segundo maior investidor em audiovisual do país, atrás do Fundo Setorial do Audiovisual.
Os resultados de 2013 foram apresentados nesta quinta, 13, pelo diretor Adrien Muselet durante o Rio Content Market.
Ele mostrou o crescimento no número de projetos contemplados e de produtoras envolvidas. Houve um salto de 22 projetos em 2008 para 124 em 2013, com o envolvimento de 153 produtoras cariocas (os recursos da empresa só podem ser usados por produtores estabelecidos na cidade).
A estratégia de investir em filmes com retorno de público fica clara nos resultados. Se em 2008 a RioFilme investiu em sete filmes, com público de 18,6 mil espectadores, em 2013 foram 21 filmes, que fizeram 19,6 milhões de ingressos. Filmes produzidos com recursos da empresa responderam por 70,3% do público de cinema nacional em 2013, embora sejam apenas 16,5% dos filmes brasileiros lançados no ano.
Em 2013 foram contemplados 23 projetos com investimentos automáticos em cinema, de 19 produtoras, com um total de R$ 10,1 milhões investidos. O principal “case” do ano foi “Meu passado me condena”, que teve investimentos de R$ 1,6 milhão da RioFilme e R$ 2,1 milhões em renúncia fiscal federal, para um custo total (produção e lançamento) de R$ 8,1 milhões.
O filme rendeu R$ 54,4 milhões e recolheu R$ 6,6 milhões em impostos federais, R$ 1,2 milhão em estaduais e R$ 2,9 milhões em impostos municipais, dando à RioFilme um retorno sobre o investimento de 224%.
Já o programa de investimento automático em TV contemplou em 2013 12 projetos de oito produtoras, sete canais e quatro programadoras.
Embora a RioFilme invista um real para cada real investido pelos canais, o aporte de dinheiro “bom” (não incentivado) dos canais nestes projetos acabou sendo maior que o da RioFilme, R$ 9 milhões contra R$ 6,9 milhões.
*Com informações do site Tela Viva.