Os fundos voltados ao desenvolvimento da indústria cinematográfica – os Funcines – captaram, nos últimos dez anos, R$ 73,7 milhões no Brasil. Com algumas exceções, a maior parte dos recursos foi aplicada em filmes específicos. Aos poucos, no entanto, essa realidade começa a mudar. A tendência é que os Funcines passem a agir como fundos de investimento tradicionais e comprem empresas do setor.
O fundo InvestImage 1 retomou essa tendência de investimento ao comprar participações em três produtoras de cinema e TV. Dos R$ 14,3 milhões que captou, já investiu R$ 9,5 milhões em três empresas: a Bossa Nova Films, a Glaz e a Oca. Por causa de seu porte, a Bossa Nova concentrou a maior parte dos recursos, segundo apurou o jornal O Estado de São Paulo.
Do total de R$ 73,7 milhões captado pelos Funcines – fundos que seguem as regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), mas são regulamentados pela Agência Nacional de Cinema (Ancine) -, cerca de 50% vieram do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Outra fatia dos recursos foi captada com órgãos públicos, como a Caixa Seguros. Segundo fontes do setor, ainda é difícil captar dinheiro privado para os Funcines.
Essa barreira pode ser creditada à própria estrutura dos fundos, que só agora começa a ser entendida pelo mercado. “O Funcine é um fundo de venture capital (que investe em empresas que buscam crescimento), mas também tem elementos das leis de incentivo”, explica Luciane Gorgulho, chefe do departamento de economia da cultura do BNDES.
A executiva diz, porém, que novos Funcines começam a se estruturar com a mentalidade de aquisições de fatias em negócios de produção e distribuição de cinema e TV. E até fundos de investimento comuns, que não captam dinheiro incentivado, já começam a se interessar pelo segmento. Hoje, porém, ainda são poucos os exemplos de empresas do setor que já receberam aportes de fundos – um dos casos é o da Conspiração Filmes, que tem a Rio Bravo Investimentos como sócia.
A aproximação entre fundos e produtoras têm uma razão econômica: em 2011, foi estabelecida uma cota de produção nacional para os canais a cabo, o que ampliou a demanda por conteúdo local. Para as produtoras, diz Eduardo Tibiriçá, sócio da Bossa Nova Films, a expansão trouxe oportunidades e também um desafio de fluxo de caixa. Com a profissionalização do mercado, as produções passaram a ter data de estreia antes mesmo do início das filmagens. Cabe às produtoras, muitas vezes, adiantar parte do orçamento caso o dinheiro de leis de incentivo não seja liberado a tempo.
Outra “janela” de captação para as produtoras é o orçamento das emissoras de TV. Foi o que ocorreu com a série 3 Teresas, produção da Bossa Nova Films para o GNT, que passou a ser majoritariamente custeada pelo canal a partir da segunda temporada.
Fonte: Economia – Estadão