Em roda de conversa, ministro critica possível fusão do MinC
Quarta-feira, 11 de Maio de 2016
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Em meio a um cenário político incerto e conturbado, dirigentes do Ministério da Cultura (MinC) promoveram uma roda de conversa em que defenderam a permanência do MinC e debateram as recém-anunciadas ações de modernização para a gestão da Cinemateca Brasileira. O evento, aberto ao público e transmitido ao vivo pelo MinC, ocorreu no fim da tarde dessa terça-feira (10), em São Paulo.
O ministro da Cultura, Juca Ferreira, foi enfático ao criticar uma possível fusão do MinC com outra pasta, ato que considera uma “irresponsabilidade” e “um retrocesso de mais de 20 anos”. O Ministério foi fundado há mais de 30 anos, durante o período de redemocratização brasileira e atendendo a uma ampla demanda popular. O ministro previu ainda o desafio de enfrentar momento de turbulências e de retrocessos de direitos já adquiridos que deverão vir pela frente.
“Acho de uma irresponsabilidade enorme essa retrospectiva de retrocesso. Temos uma soma de legados e acumulações. A cultura tem uma interface com todas as facetas da vida social. Você pode fundir (o MinC) até com o Ministério da Fazenda se quiser, mas é um erro porque há uma especificidade do nosso trabalho”, afirmou.
Juca Ferreira também falou sobre a importância da cultura para combater a intolerância e para promover o respeito e a aceitação do outro diferente. Também salientou o papel cultural em relação aos povos indígenas, para preservar suas tradições e, ao mesmo tempo, equipá-los para que sua relação com outros não seja “destruidora do seu contexto específico”.
O ministro citou ainda que a Cultura pode promover uma economia que diversifique as exportações para além das commodities, que tem capilaridade para combater a violência e, por fim, que promove a qualificação da população brasileira para viver a democracia. “(Com a possível fusão), essa complexidade vai ser reduzida e empacotada”, lamentou.
Papel da Cultura
Outro ponto abordado na roda de conversa foi o papel da Cultura frente a uma agenda do século 21, com defesa dos direitos autorais na internet, já que o ambiente digital representa a maior parte do mercado para a música e para o audiovisual. Juca Ferreira destacou o desafio e a necessidade de reforma da Lei Rouanet, para torná-la mais “generosa e menos concentradora”. “O Brasil não enfrentará os desafios do século 21 se não garantir desenvolvimento cultural e acesso pleno à cultura”, frisou.
Diante desse cenário, o secretário de politica audiovisual do MinC, Pola Ribeiro, resumiu algumas ações da secretaria  e salientou que as políticas desenhadas em 2015 “não morrem” e se colocou à disposição para passar adiante os projetos em execução.
Ações na Cinemateca
A modernização da Cinemateca Brasileira foi outro tema discutido na roda de conversa. “Hoje, entregamos oito acervos convalidados, comprados há seis anos, anunciamos a licitação aberta para reconstrução do prédio incendiado e, principalmente, a futura seleção de uma Organização Social (que após seleção por meio de edital irá gerenciar a Cinemateca)”, afirmou. “Isso traz uma alegria muito grande. É preciso dar escala às políticas do MinC, sobretudo a do audiovisual, que já se pensa em escala”, disse.
Outro ponto abordado pelo secretário foi o da necessidade de a Cinemateca não apenas permitir a preservação do audiovisual brasileiro, mas também trabalhar para a disponibilização e difusão desse acervo para os brasileiros.
O secretário-executivo do MinC, João Brant, também citou as ações de modernização para a gestão da cinemateca e lembrou que o MinC  procurou dar as condições para que o espaço tenha, novamente, a vida pujante de outrora.
“O plano é que a OS entre em atividade neste ano. Procuramos um modelo de OS em que o Estado permaneça com sua responsabilidade e que, ao mesmo tempo, permita que a Cinemateca cresça com possibilidade de ação mais dinâmica”, afirmou.
João Brant falou, ainda, do projeto vídeo por demanda, que busca dispor à população maior acesso ao audiovisual brasileiro. “A SP Cine e nós enxergamos na Cinemateca a maior potência para dar vida a esse projeto, a uma plataforma que faça que o próprio acervo da cinemateca possa circular”, disse.
Além dos citados, também participaram da roda de conversa a diretora da Agência Nacional do Cinema Rosana Alcântara e o presidente da SPCine, Alfredo Manevy.

Fonte | Ministério da Cultura -

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