A ABD (Associação Brasileira de Documentaristas) entregou na última sexta (30) uma carta com críticas às seis linhas de financiamento da recém-criada Spcine, empresa de fomento ao audiovisual paulistano ligada à Secretaria Municipal de Cultura.
Entre as críticas estão a exigência de que as produções já tenham capital inicial para ser contempladas pelos editais e a destinação de mais de 50% dos recursos dos editais ao chamado cinema comercial.
A carta também critica uma “aproximação da Spcine com a RioFilme”, entidade “conhecida por privilegiar o cinema comercial e esmagar o cinema independente no Rio”, segundo o documento. Dois membro da cúpula da Spcine vieram da empresa carioca.
“O mais grave é o julgamento automático: os projetos vão deixar de ser analisados por um comitê especializado”, diz Ícaro Martins, da diretoria da Apacine (Associação Paulista de Cineastas), cujos membros também questionaram a entidade paulistana. Pelo julgamento automático, um projeto de filme recebe recursos se a sua produtora tiver apresentado lucros anteriormente.
A Spcine informou, por meio de sua assessoria, que recebeu os membros da ABD na sexta e que a elaboração dos editais foi acompanhada por 11 entidades associadas, incluindo a ABD, diz a nota.
“Todas as linhas preveem o repasse de recursos a filmes de pequeno, médio e grande porte e foram criadas a partir da análise das características de cada conteúdo”, informa a nota. A Spcine também afirma que os editais incluem avaliação de projetos por júri especializado, e não apenas a modalidade automática.
À Folha, Alfredo Manevy, presidente da Spcine, disse que tem planos de abrir 82 salas de cinema, incluindo espaços no centro (como o já desapropriado Art Palácio) e locais na periferia, como CEUs e bibliotecas públicas -projeto orçado em R$ 14 milhões.
Fonte: 03/02/2015 – Ilustrada – Folha de S.Paulo