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“Nós precisávamos discutir sobre esse pedaço de nossa história” diz atriz de Se Eu Demorar Uns Meses

LEMBRAR_RESISTIR_01

Cartaz da peça ‘Lembrar é Resistir’ de Álvarez e Izaías Almada encenada em 1999

 

 

Em toda sua carreira, a atriz Neusa Velasco teve duas oportunidades de realizar sua arte dramática no antigo prédio do tenebroso Departamento de Ordem Política e Social, o DOPS.  No texto a seguir ela fala sobre o processo artístico e o impacto dessas experiências em seus sentimentos.

 

 

Tudo o que eu disser é pouco, perto da mescla de sentimentos que me toma, ao escrever sobre a época mais obscura do meu país: a ditadura militar.
Ao fazer parte do elenco do espetáculo “LEMBRAR É RESISTIR”, pude sentir o impacto que a tragédia dos personagens provocava nas pessoas. O texto de Izaías Almada e Analy Alvarez tocava nos espectadores de maneira tão forte que alguns desmaiavam, outros vomitavam, e muitos choravam copiosamente.
Ao ser convidada para “SE EU DEMORAR UNS MESES”, aceitei e abracei com emoção essa oportunidade. Queria falar sobre esse assunto. Nós precisávamos discutir sobre esse pedaço de nossa história, saber sobre todos aqueles companheiros, que sofreram e morreram naquele prédio sombrio do DOPS.Tive medo, também.

Eu respeitei tanto as pessoas que ali estiveram, que não me achava suficientemente capaz de reproduzi-las. Coube, para os olhos de alguns, a ironia de ser a anti heroína: aquela mulher que, no calor da tortura, entregou seus companheiros, para tentar fazer com que eles não sofressem. O maior desafio como atriz foi enfrentar o “pau de arara”. A humilhação e a dor faziam verter em mim lágrimas verdadeiras.
“A Arte é para isso: Lembrar, Criticar, Alertar, Emocionar e quantos outros verbos mais quisermos somar a essa extensa definição”
Foi um orgulho fazer parte desse projeto.

 

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