O Cinema de Margarethe Von Trotta

A Doctela apresentou na Caixa Cultural Rio de Janeiro , de 6 a 18 de março de 2017, a mostra O Cinema de Margarethe Von Trotta, que exibiu 10 longas-metragens da premiada diretora alemã em sessões gratuitas, com curadoria de Lívia Perez. De maneira a debater aspectos temáticos e estéticos de sua obra, a programação incluiu quatro debates e encontros que também proporcionaram uma reflexão sobre história, política e as mulheres nos filmes da diretora.

Quem é Margarethe Von Trotta?

Uma das mais importantes cineastas contemporâneas, Margarethe Von Trotta registrou temas marcantes da vida política da Alemanha do século XX, sempre através de grandes personagens femininos. Nasceu na Berlim de 1942, em plena Segunda Guerra Mundial. Iniciou sua carreira de atriz, em 1965, no Teatro de Stuttgart, e estreou no cinema em 1967, no filme Tränen trocknet der Wind, de Heinz Gerhard Schier. Foi uma das atrizes mais destacadas do Novo Cinema Alemão, tendo atuado, até 1981, em cerca de 15 filmes de diretores, como Rainer Fassbinder e Volker Schlöndorff, com quem se casou em 1971. Em 1975, tornou-se roteirista e diretora ao assinar com seu marido a direção do filme A Honra Perdida de Katharina Blum. Sua primeira direção solo foi em 1977, com O Segundo Despertar de Christa Klages.

A filmografia de Margarethe Von Trotta como cineasta é composta de 26 obras realizadas para o cinema e para a TV, sendo que apenas cinco longas-metragens foram exibidos comercialmente no Brasil: A Honra Perdida de Katharina Blum, Os Anos de Chumbo, Rosa Luxemburgo, A Promessa e Hanna Arendt.

Margarethe Von Trotta conquistou diversos prêmios em festivais internacionais, como o prêmio da OCIC no Festival de San Sebastián, em 1975, por A Honra Perdida de Katharina Blum; o Grande Prêmio do Festival Internacional de Mulheres de Créteil, em 1979, por O Equilíbrio da Felicidade; o Leão de Ouro no Festival de Veneza e o David di Donatello de melhor filme estrangeiro por Os Anos de Chumbo, em 1981; o prêmio de melhor filme da Academia da Alemanha, em 1986, por Rosa Luxemburgo; o prêmio da OCIC no Festival de Berlim, em 1983, por A Caminho da Loucura; o prêmio do júri Ecumênico e do público no Festival de Montreal de 1993, por O Longo Silêncio; e o prêmio David di Donatello de melhor filme europeu de 2004, por As Mulheres de Rosenstrasse.

A Mostra

Iniciada na semana do Dia internacional da mulher, a retrospectiva ofereceu ao público a oportunidade de conhecer amplamente a obra de Von Trotta, que retratou a vida de mulheres marcantes em filmes como Rosa Luxemburgo (1985), biografia da lendária ativista política do início do século XX; Visão – Sobre a Vida de Hildegard Von Bingen (2009), sobre a freira visionária e compositora; e Hannah Arendt (2012), sobre a filósofa e teórica política; todos estrelados por Barbara Sukowa, uma das atrizes preferidas da cineasta. Sukowa, inclusive, conquistou os prêmios de Melhor Atriz no Festival de Cannes, por Rosa Luxemburgo, e no Festival de Veneza, por Os Anos de Chumbo (1981), primeiro grande sucesso de Von Trotta, vencedor também do Leão de Ouro em Veneza.

Rosenstrasse - Margartehe Von Trotta

Os destaques da mostra foram os filme A Honra Perdida de Katharina Blum (1975), seu primeiro filme, codirigido com Volker Schlöndorff; As Mulheres de Rosenstrasse (2003), inspirado em um episódio da resistência dos alemães durante o regime nazista; e o inédito À Caminho da Loucura (1983), estrelado por Hanna Schygulla e Angela Winkler.

Como parte da programação, foram realizados quatro encontros durante a mostra, às quintas e sábados, às 19h30, sempre com mediação da curadora Lívia Perez. No dia 8 de março (quinta), Dia Internacional da Mulher, logo depois da exibição de As Mulheres de Rosenstrasse, a pesquisadora e crítica de cinema Samantha Brasil, curadora do Cineclube Delas e integrante do podcast Feito por Elas, e Maria Caú, formada em Cinema pela UFF e doutora em Literatura Comparada pela UFRJ, ambas integrantes do Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema, conversaram sobre As mulheres de Margarethe Von Trotta.

No dia 10 (sábado), a escritora e professora de filosofia Susana de Castro debateu com o público, após a sessão de Hannah Arendt. No dia 15 (quinta), o tema do encontro após a exibição de Rosa Luxemburgo seria Mulheres, História e Política, com a convidada Isabel Wittman, crítica de cinema, membra do Elviras, roteirista, jornalista. O evento acabou adiado para o dia 16 depois da infeliz coincidência de que naquele mesmo dia o Brasil acordou com a notícia ainda não esclarecida do assassinato da vereadora Mariele Franco, ao qual prestámos todas as homenagens e respeito. O último evento, no dia 17 (sábado), foi o encontro O cinema de Margarethe Von Trotta, com a participação da crítica de cinema, roteirista e jornalista Lorenna Montenegro.

A programação e a curadoria completa da mostra pode ser acessada neste link:

 O Cinema de Margarethe von Trotta

 

Mostra O Cinema de Margarethe Von Trotta
Data: 6 a 18 de março de 2017
Local: Caixa Cultural Rio de Janeiro – Cinema 1 – Av. Almirante Barroso, 25, Centro (Metrô e VLT: Estação Carioca) – Rio de Janeiro – (21) 3980-3815
Entrada franca (Distribuição de senhas 1h antes do início da sessão)
Horários: Consultar programação
Lotação: 78 lugares (mais 3 para cadeirantes)
Bilheteria: terça-feira a domingo, das 13h às 20h
Acesso para pessoas com deficiência


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